Ser/tão Mulher
Nordeste

Ser/tão Mulher


Ser/tão Mulher
(Dalinha Catunda)


Tempo de fauna no cio,

De flora e em floração.

Menina flor do agreste

Em tempos de reinação.

Rolando no solo sagrado,

A luz de um sol encarnado,

Lasciva demarca seu chão.


Era tempo de floradas,

Sol a pino, céu azul,

O cheiro impregnado,

Era da flor do caju

Seu rosto estava corado

Tal fruto do mandacaru.


Debaixo de um cajueiro

Fugindo do sol do sertão,

Num leito de folhas secas,

Sua seiva regou o chão

Era o “debout” nordestino,

De uma flor em botão.


Seu corpo e a natureza,

Tinham o mesmo linguajar.

Era uma rês mandingueira,

Pronta p’ra se domar.

Cavaleiro joga o laço,

Laçada não pôde escapar.


E foi à sombra da árvore

Sentindo o cheiro da flor,

Que Sentiu-se atravessada

Pela espada do amor.

O troféu do cavaleiro,

Foi o sangue que jorrou.


Alcoviteiro da paixão

O frondoso cajueiro,

De frutos amarelados

Passaram a nascer vermelhos,

O sangue da virgem nativa

Foi o rubro feiticeiro.


Dalinha é uma grande poeta e cordelista cearense. Tomará posse amanhã na ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Recentemente publiquei outra poesia de sua autoria: "Migrante".


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