Repentes, mortes e glosas
Nordeste

Repentes, mortes e glosas


Por Pedro Malta
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Improvisos de Severino Feitosa X João Paraibano a propósito da bandeja que corre na platéia durante a cantoria pra recolher dinheiro pros cantadores




Mote: A bandeja é necessária, não tenha raiva de mim


Severino Feitosa
Eu faço a transformação
da cantiga sertaneja,
para falar da bandeja,
que é a nossa salvação,
já circulou no salão,
pra nossa crise ter fim,
cantiga boa é assim
repercute em qualquer área.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

João Paraibano
Repentista é andorinha,
quando não voa, veleja,
necessito da bandeja
na presença sua e minha,
eu com dinheiro não vinha,
como estava liso, vim,
se eu não ganhar, acho ruim
saio pobre dessa área.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

Severino Feitosa
Porque o nosso repente
é a arte de viver,
não sonho com o poder
e nem de ser presidente,
já ganhei tanto presente,
que a crise teve fim,
se continuar assim
faço até reforma agrária.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

João Paraibano
Não vamos perder a paz,
quando a renda não aumentar
tem um que bota cinquenta,
um outro, cinco reais,
nós todos somos iguais,
entre o começo e o fim,
entre o grande e o mirim,
não vejo estrada contrária.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

Severino Feitosa
Não canto por outras zonas,
minha arte, é a cantoria,
eu vivo de poesia,
as musas são minhas donas,
não quero ir pra o Amazonas,
pra sofrer com maruim,
que eu não sou guaxinim,
para morrer de malária.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

João Paraibano
Meu povo não seja ingrato,
entenda os dois menestréis,
se não tiver cem, seus dez
já enfeitam nosso prato,
se eu não poder ir de jato,
voando igual Zé Pelim,
pego a Itapemirim,
fora da rodoviária.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

Severino Feitosa
Eu vim mostrar o meu dom,
realizando esse show,
toda galera pagou,
pagou até o garçom,
esse exemplo é muito bom,
que ajuda ao nosso festim,
nossa casa é sempre assim,
sempre foi mais atuária.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

João Paraibano
Meu povo por caridade
me perdôe que eu sou pedinte,
se não quiser me dar vinte
divida, dê-me a metade,
que não tem propriedade,
pra plantar palma e capim
adule governo ruim,
pra fazer reforma agrária.
A bandeja é necessária,
não tenha raiva de mim.

Fonte: Jornal da Besta Fubana




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