Brasília, os homens e a cabeça
Nordeste

Brasília, os homens e a cabeça


Era difícil fazer acordo no fio do bigode na capital federal, diferente do sertão de Bolinha. No interior da Bahia, quando alguém comprava alguma coisa e não tinha dinheiro para pagar, dava um fio de bigode como “promissória”. A grossura e a cor do pêlo, avalizado por uma palavra firme, valiam mais que qualquer documento assinado por um homem. Já em Brasília, o que sempre valeu é o preto no branco, acordo oral muitas vezes é sinônimo de maracutaia. O poeta talvez não refletisse sobre esses assuntos cabeludos quando saiu de Montes Claros para assistir a inauguração do “novo eldorado” brasileiro e tentar fazer um “pé-de-meia”. O trabalho numa barbearia na Câmara dos Deputados e as poesias garantiram-lhe, respectivamente, pão e novos amigos por lá.


Por ser um “poeta tribuno”, como se autodefine, João nunca precisou de papel para passar horas declamando Castro Alves, Augusto dos Anjos, Camilo de Jesus Lima e, claro, suas próprias poesias. Inspirado pelas curvas de Niemeyer, ele freqüentou rodas de intelectuais, festas e saraus até o golpe de 64, quando um amigo o alertou:

– João, vá embora que os homens querem sua cabeça!

Se um desconhecido lhe pergunta, hoje, quem foi esse companheiro, ele traga profundamente o cigarro, bate a cinza, solta a fumaça e responde:

– Darcy Ribeiro!

– O Senhor conheceu o Professor Darcy Ribeiro? – delira aquele que pergunta.

– Um homem de uma capacidade incrível! – treplica sem dar muitos detalhes, dando asas à imaginação do curioso.

Como Brasília não tem mar para o peixe grande se entregar à imensidão, Bolinha procurou a primeira rodagem e saiu a flanar pelo Brasil. No caminho, conquistou muitos camaradas, muitos novos versos, muitos amores e, conseqüentemente, 22 filhos.

João Bolinha, um peixe grande
Maiquinique: a derradeira parada




loading...

- Mote: Quase Matam José Serra Com A Bolinha De Papel
Quase matam José Serra Com a bolinha de papelde FARMACÊUTICO - POETAMOTE DE JÚNIOR DO BODE, CÍCERO MORAES Ô que campanha agitada!Que disputa gloriosa,Dilma é vitoriosaE Serra não tá com nadaSó leva é cacetadaDo IBOPE que é fielE o povo não...

- O Faltar
O faltar - Bosco Maciel Digamos que o Criador após cumprir cada meta já vendo que em sete dias não teria a obra completa criasse tudo no mundo mas não criasse a poesia e nem criasse o poeta na terra só haveria tristeza e desolação sem matas sem...

- O Conto Da Lua - 4
Nosso tempo acabou Cap. 4 – As respostas Um dia depois da ligação ele acordou mais cedo que normalmente. Como era uma sexta-feira, levantou de bom humor, assobiando, estralando os dedos e ritmando uma melodia bem característica de fim de semana....

- Maiquinique: A Derradeira Parada
A vida nômade se encerrou com a chegada a Maiquinique, em meados dos anos 70, onde encontrou sua amada, Nicinha, experimentou da água e constatou que ali deveria se banhar por muitos anos. Num terreno, na extremidade da cidade de então, construiu sua...

- A Antítese Do Sinônimo
Não há como falar de poemas estranhos, sem lógica, sem “eira nem beira”, sem mencionar o poeta Zé Limeira. Genial, foi o cordelista/repentista mais mitológico do Brasil e era conhecido como o Poeta do Absurdo, devido aos temas que abordava em...



Nordeste








.