A Antítese do Sinônimo
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A Antítese do Sinônimo


Não há como falar de poemas estranhos, sem lógica, sem “eira nem beira”, sem mencionar o poeta Zé Limeira. Genial, foi o cordelista/repentista mais mitológico do Brasil e era conhecido como o Poeta do Absurdo, devido aos temas que abordava em suas poesias e repentes que chegavam, muitas vezes, ao delírio por suas distorções históricas, poesias recheadas de surrealismo, nonsense e por neologismos (invenção de palavras) que criava.

Vestia-se de forma berrante, com enormes óculos escuros e anéis em todos os dedos e saía pelos caminhos de sua vida, cantando e versando. Nasceu no sitio Tauá na cidade de Teixeira – Paraíba - no ano de 1886 e faleceu no ano de 1954.

O resumo poético de sua obra só chegou ao conhecimento das novas gerações graças ao abnegado trabalho de pesquisa realizado pelo advogado e escritor Orlando Tejo, que resultou no livro "Zé Limeira, poeta do absurdo".

E foi inspirado na “loucura” do absurdo, que saiu este poema:

A Antítese do Sinônimo


Não faz sentido

O sentido da razão

Se minha mãe é minha tia

O meu primo é meu irmão.

Sou meu pai quando filho
Sou o filho tendo um pai
Sou canjica pra ser milho
Tudo sobe quando cai.


Vou te dar dinheiro

Vou agora ser ladrão

O bonzinho traiçoeiro

Virgulino Lampião.

Quando é noite não é dia

Se já é dia claridão
Na penumbra da sombra

Surge o brilho escuridão.


Sou o crime que pratica o réu

Sou o mar que banha o sertão

Sou a doçura amargura do mel

Sou a altura baixa do anão.

Sou o medo destemido

Da pimenta que não arde

Sou a surdez do ouvido
Da coragem do covarde.


Sou uma pessoa pobre
E tenho muito capital

Sou muito mais que nobre

E sou um anti-social.
Tive a idéia que não pensei

Quando esqueci da lembrança

De não pensar eu até lembrei
Que desisti da esperança.


Marcos França
[email protected]
www.culturapopular.com.br



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