Ouça cordel: "Furdunço no galinheiro" e "A saga do sabugo"de Dalinha Catunda
Nordeste

Ouça cordel: "Furdunço no galinheiro" e "A saga do sabugo"de Dalinha Catunda



Furdunço no galinheiro
(Dalinha Catunda)


Certo dia o galinheiro
Acordou em polvorosa,
O galo acordou tarado
Foi uma coisa horrorosa
E as galinhas apavoradas
Com essa situação odiosa.

Era pintinho correndo,
Era pato se cagando,
Capote voando alto,
Ganso mergulhando,
E o galo velho tarado,
A todos apavorando.

Pegou a galinha preta,
Que era uma franguinha.
Subiu bem em cima dela
Deixou a ave tontinha
Depois saiu bem ligeiro,
Atrás de outras galinhas.

Correu atrás de muitas,
Pegou a galinha amarela.
Nesta o estrago foi feio,
Ela acabou na panela.
Tamanha foi sua fúria,
Que ela esticou a canela.

O frango que era capado
E bem fino vivia a cantar,
Nesse dia foi estreado
Não conseguiu escapar.
Este, sim, não saiu triste,
Mas faceiro a cacarejar.

O galo velho viçando,
E com o espírito do cão.
Pegou a galinha d’angola
O capote não gostou não.
Pra completar a desgraça
Pegou a mulher do pavão.

Para o lado das galinhas,
Debandou-se outra vez.
Pude contar nos dedos
Ele pegou mais de três.
As mais belas do terreiro,
Pois eram de raça pedrês.

Depois que pegou a azul
Correu atrás da nanica,
A branquinha apavorada:
O diabo é que se arrisca!
E voou para o telhado.
Aqui ele não me trisca!

Quem escapou fedendo
Foi a danada da carijó.
Sem pensar duas vezes
Escondeu-se num urinó
E o galo passou batido
E essa levou a melhor.

Pobre das outras galinhas,
Não tiveram sorte igual.
Debaixo do galo ficaram.
Ficaram e passaram mal.
O Galo estava achando,
Que no momento era o tal.

O peru que era orgulhoso,
Tomou logo uma decisão.
Eu vou é fechar meu rabo
E encostar o reto no chão,
Deus me livre deste galo,
Que tem nos coro um cão.

Sei que a coisa ficou feia,
E foram chamar o doutor.
Tudo foi uma experiência,
Que o pobre galo passou.
Explicava o veterinário,
Que o galo diagnosticou.

O galo não é o culpado,
Desta grande confusão.
Este estardalhaço todo,
Foi uma idéia do patrão,
Que deu milho modificado
Pra aumentar a produção.

O milho que ele comeu,
Tinha nova coloração.
Geneticamente modificado
De amarelo virou azulão.
Escrito na embalagem:
Aveiagra é sua solução.

No finalzinho da tarde
O galo velho desmaiou.
A maratona foi puxada,
E o doutor recomendou,
Que ele tivesse repouso
Mas de nada adiantou.

Quando passou o efeito
Deste famoso azulão.
O galo apanhou tanto,
Que caiu roxo no chão.
A crista era puro sangue
Quase perdeu o esporão.

Nele bateu um ganso
Pato, peru e o capote.
Ele quis se levantar,
E foi pego no pinote.
A coisa ficou foi feia,
Vi a hora era dar morte.

O galo gemia e ciscava
A porrada firme comia.
O frango que deu pra ele
Também deu uma agonia.
E galinhas cacarejando
Por toda parte se ouvia.

O galo que por um dia,
Tornou-se um garanhão.
De uma hora para outra,
Viu o seu posto no chão.
As galinhas reunidas,
Pediram substituição

Dizem que o galo velho
Depois que se aposentou,
Com o tal frango capado
Realmente se amancebou.
Dando lugar ao novo galo
Que no galinheiro reinou.



A saga do sabugo
(Dalinha Catunda)

.
Meu amigo quem acha,
Que o sabugo é vilão.
Nunca correu pro mato,
Bem cheio de precisão.
E após fazer o serviço
Com muito sacrifício
Lhe faltou papel a mão.
.
Um sabugo perdido,
No meio do milharal,
É a salvação da lavoura
E até que não pega mal.
Quem é que vai recusar,
De com ele se limpar
Se não há escolha afinal?
.
Não fiquem de boca aberta.
Nem pensem que é novidade.
Ele já foi muito apreciado,
Nos campos e na cidade.
Passou na bunda de gente
Que se dizia bem decente,
E de uma alta sociedade.
.
O sabugo meu camarada,
Já foi de grande valia.
Bunda de ricos e pobres,
Era ele quem acudia.
Mas o povo é bem cruel
Agora que existe papel,
O pobre sabugo repudia.
.
Nos tempos idos era tido,
Como a melhor solução.
Ele limpa, coça e penteia,
Propagava a população.
Que hoje o sabugo renega,
Mas já teve ele nas pregas,
Meu Deus! Que ingratidão.


Veja outros cordéis de Dalinha:

O cancão da floresta
A Lapinha
Levando Fumo
Mandacaru, sim senhor!
A Magia das Chuvas
Ser/tão Mulher
Migrante




loading...

- Poesias E Trovas De Dalinha Catunda
A Vaqueira Dinda (Dalinha Catunda) No Ceará tem mulheres, Que merecem atenção. Conheça Mestre Dina, Vaqueira do sertão, Que usa chapéu e chicote, E joga o boi no chão. Dina Mulher guerreira Vaqueira por tradição. Seu aboio feminino É melodia...

- O Sertanejo
O Sertanjo (Dalinha Catunda) O Sertanejo quando sai Do seu querido torrão, Só sai porque necessita, Sai porque tem precisão. Se fosse mesmo por gosto, Jamais deixaria seu chão. Nos alforjes carregados Transporta tristeza e dor. Saudades da lua cheia,...

- A Lapinha
A Lapinha ( Dalinha Catunda) No canto da matriz, De minha terra tinha, Um singelo cenário, Era a famosa lapinha. Entre José e Maria Nos antigos rituais O menino Jesus eu vi Cercado por animais Ali os três reis magos Em pose de adoração Prestigiavam...

- Cordeis Publicados
Uma lista de todos os cordeis já publicados aqui no Cultura Nordestina: O sabiá e o gavião A excomunhão da vítima Furdunço no galinheiro O Pau-de-Sebo no Cabaré de Timbauba O boi zebu e as formigas O Cancão da floresta A Lapinha Desmantelos de...

- Meu Nome é Trupizupe
-"Da cultura popular do nordeste, surge o repente do Trupizupe, o maior cantador de todos os desafios e que nunca perdeu uma peleja" O meu nome é Trupizupe Sou o galo de campina Me chamam Trupizupe O raio da Silibrina... Eu não digo à ninguém Que...



Nordeste








.