Os cordéis são versos populares inscritos em livretos de impressão simples, que antigamente eram colocados, para vendas, pendurados em barbantes ou cordas bem delgadas (cordéis) nas feiras livres, mercados e outros locais onde existia aglomeração de gente.
Os poemas de cordéis abordam temas importantes como saúde, atendimento hospitalar, alcoolismo, amor, felicidade, história do Brasil e da Paraíba, política, lendas, imaginário popular, problemas atuais, aventuras amorosas, religiosidade, problemas nordestinos, etc., além de divulgarem as crenças, costumes e culturas de nossa região. O cordel inspirou grandes escritores como Ariano Suassuna (O alto da Compadecida) e João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina), cineastas como Glauber Rocha (Deus e o Diabo na Terra do Sol) e Wladimir Carvalho (O País de São Saruê) e compositores como Zé Ramalho, Alceu Valença e Beto Brito, por exemplos. Então, nada mais justo que implantar essa disciplina em salas de aula da rede pública.
É verdade que o cordel tem resistido ao tempo, mas não tem mais aquela valorização de antigamente, nesta época de mídia e computador. Para que ele não morra e mantenha sua importância como cultura, são imprescindíveis aberturas de novos espaços para a sua divulgação. E as salas de aula seriam ideais para isso.
Estudos sobre essa cultura popular nordestina, por meio de leitura, produção textual, divulgação de folhetos e realização de outras atividades de classe, seriam outras formas de divulgar, difundir e educar os nossos jovens. Isso iria valorizar ainda mais a cultura paraibana e, quem sabe, descobrir alguns novos talentos ali adormecidos.
Sei que já teve, alguns meses atrás, o projeto "Cordel na Sala de Aula", onde alguns alunos da rede municipal foram incentivados ao hábito de ler o cordel dentro das atividades escolares. Na oportunidade, foi divulgada uma seleção de cordéis de autoria de cordelistas tradicionais, bem como ocorreram apresentações de outras manifestações da cultura popular. Muito louvável essa iniciativa, mas foi uma coisa momentânea, que só se estendeu durante algum tempo e apenas em algumas escolas previamente selecionadas. Eu estou me referindo é a um projeto nos moldes do de Fuba, onde se tornaria obrigatória e, consequentemente, permanente, essa disciplina no currículo escolar.
Aí fica o apelo. E, para encerrar, vejam um pequeno trecho do cordel "O Punhal e a Palmatória", do paraibano (Pombal) Leandro Gomes de Barros, que é considerado o pioneiro e um dos principais expoentes deste tipo de literatura:
"Nós temos cinco governos
O primeiro o federal
O segundo o do Estado
O terceiro o municipal
O quarto,a palmatória
E o quinto, o velho punhal."
Marcos França
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