Nordeste
Bonecas de pano
Por Dalinha Catunda
Minhas bonecas de pano
Nascida e criada no interior fui uma menina feliz vivendo na simplicidade que envolve as pequenas cidades. Na memória preservo as inesquecíveis e marcantes lembranças.
Nunca me rebelei contra os singelos brinquedos feitos artesanalmente com os quais eu brincava, até porque, não tinha como compará-los aos brinquedos mais sofisticados que só mais tarde cheguei a conhecer.
Éramos uma família de oito irmãos. Cinco homens e três mulheres. Nossos brinquedos não eram comprados em lojas, e sim, no meio da feira. Quando muito, em alguma bodega, outros eram feitos em casa mesmo.
Os brinquedos dos meninos eram: carrinhos feitos de madeira e lata de óleo. Ajudei muito meus irmãos a carregar os caminhões com caixas de fósforo. Cavalo de pau feito do talo de carnaúba, pião! Eu era fascinada por pião, até aprendi como soltar, mesmo sendo brincadeira de menino. Também gostava de soltar carrapeta, um brinquedinho improvisado que qualquer “menino do buchão” sabia fazer. E ainda me metia a soltar papagaio e nas peladas com bola de meia.
Nós meninas, tínhamos as panelinhas de barro, com elas brincávamos de fazer comidinhas, mas meu chamego maior era com as inesquecíveis bonecas de pano.
Até hoje tenho uma verdadeira paixão pelas bonecas de pano. E não esqueço, na feira que acontecia aos sábados em Ipueiras, Dona Delfina, uma senhora que vendia verduras em grandes cuias, trazia sempre uma cuia especial, era uma imensa cuia lotada de bonequinhas de pano. As bonecas com suas roupas coloridas deixavam-me encantada.
Guardo com muito carinho três bonecas, feitas pelas filhas de dona Delfina, que aprenderam o oficio com a mãe. Comigo elas estão a mais ou menos dez anos. Hoje resolvi tirá-las do armário, fotografá-las dividir com vocês o que para mim é relíquia.
Saí do meu interior, porém, jamais permiti que me interior saísse de mim. Gosto de exercitar os antigos costumes e sempre serei mais rural do que urbana.
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